quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Quem Começou a Fazer Campeonatos De Futebol?

A imagem do Maracanã sem público, na partida entre Flamengo e Santos, é o melhor retrato da primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Das dez partidas que marcaram o início daquele que deveria ser o mais importante torneiro do nosso futebol, pelo menos em cindo delas um dos times encarou o jogo como um simples amistoso. No jogo entre Flamengo e Santos, além do estádio sem público, resultado de uma punição ao time carioca, os paulistas, pensando nos confrontos contra o América do México na Libertadores, entraram em campo com um time mais do que reserva, inclusive com jogadores que em breve devem deixar o clube, como os casos do lateral Carlinhos e do atacante Moraes. Os outros dois times brasileiros que sobrevivem no torneio continental, São Paulo e Fluminense, também entraram em campo com times mistos, vamos chamar assim, contra Grêmio e Atlético-MG, respectivamente. Resultado: jogos horríveis tecnicamente, com públicos fracos (o número total de pagantes das duas partidas não chegou a 20 mil). O único consolo, se existe, fica com o Fluminense, que pelo menos conseguiu um empate contra o Atlético-MG, fora de casa. Aliás, os mineiros também jogaram a partida muito mais preocupados com o confronto contra o Botafogo, pela Copa do Brasil. Falando em Copa do Brasil e em Botafogo, os cariocas também pouparam vários jogadores contra o Sport, que também estava muito mais preocupado em jogar a partida de volta contra o Internacional, do que fazer uma boa estréia no Campeonato Nacional. Seguindo o exemplo do Santos, o Inter escalou um time de reservas contra o Vasco. Conseguiu a vitória contra um adversário, que mesmo tranqüilo e virtualmente classificado para as semifinais da Copa do Brasil, parecia fazer um coletivo para o confronto de volta contra o Corinthians-AL. De bom mesmo da primeira rodada só a chuva de gols no Canindé, no empate com dez tentos no jogo entre Figueirense e Portuguesa, a boa vitória do Atlético-PR sobre o Ipatinga, o jogo movimentado entre Cruzeiro e Vitória, com os mineiros provando que podem chegar ao título, o disputado Náutico e Goiás, com o time pernambucano sabendo que as vitórias em casa são fundamentais para não ficar ameaçado pelo rebaixamento, e a excelente atuação do Coritiba contra o Palmeiras. Não acho errado os times pouparem jogadores para jogos de outros campeonatos, mas já passou da hora de se encontrar uma maneira para que os clubes não abandonem o início do Campeonato Brasileiro. Até porque, com o torneio disputado em pontos corridos, não há muita possibilidade de recuperar os pontos perdidos. Por perderem pontos importantes no início do torneio, Santos e Grêmio, que foram avançando na Taça Libertadores do ano passado, por exemplo, perderam a chance de disputar o título do Campeonato Brasileiro (os paulistas ainda se classificaram para a Libertadores). Acho que o grande problema está na organização melhor do calendário das competições. É possível oferecer à TV (até porque paga pelos direitos de transmissão e quer mostrar o que os times têm de melhor) a possibilidade de jogos nas quartas e domingos. Independentemente de o calendário ser ou não igual ao da Europa (a temporada de agosto a julho) já está na hora de a CBF e os nossos clubes pensarem em aumentar o tempo de disputa da Copa do Brasil. Não é necessário que o torneio termine no meio do ano. Com os jogos mais espaçados da Copa do Brasil, poderiam ser valorizadas algumas rodadas importantes do Campeonato Brasileiro, como a de estréia, por exemplo. Além disso, a injustiça dos clubes que estão na Libertadores não disputarem o torneio seria evitada. E, no final do ano, teríamos uma grande final, o que hoje não existe com o Campeonato Brasileiro disputado em pontos corridos. Essa é uma medida que pode ser tomada sem muitos problemas aqui no Brasil. O ideal seria que a Taça Libertadores também fosse disputada em um período maior e de preferência em paralelo com a Copa Sul-americana, mas isso já depende da Confederação Sul-americana. O Campeonato Brasileiro é muito importante, e por isso não deve ter um início tão desvalorizado.

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